Insuspeito

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18 abril 2005

O fiel da balança

Há muito que um artigo de José Alberto Baptista (JAB) não cativava tanto o meu interesse.
Não que a habitual e intencional superficialidade soarista, ou o indisfarçável ressentimento com que escreve sobre a vida autárquica, me estimulem por aí além. Mas pela genialidade da forma que desta vez escolheu para se dirigir ao PS/Lagos. A Paulo Morgado, ao “aparelho” e a Júlio Barroso.
Não é a mim que JAB se dirige. Não é o meu humilde “insuspeito” ou o PSD/Lagos que ele pretende atingir. É Júlio Barroso e o PS quem ele quer ferir. E esta leitura só é possível àqueles que o conhecem.
JAB foi presidente da Câmara, perdeu para José Valentim em 1989 e tem velhas contas para ajustar com o “seu” PS, que o escorraçou.
Em termos pessoais e políticos, JAB pertence ao “arquivo morto” do PS/Lagos. Aquela “picadora Moulinex” há muito que fez dele carne picada. E ele nunca perdoou o PS por isso. E, por isso, nunca perderá uma oportunidade para provar que é mais competente que qualquer liderança socialista local. Nem alguma vez desperdiçará o ensejo para, em definitivo, fazer justiça política pelas próprias mãos.
Júlio Barroso só quer distância de JAB. Para ele, JAB não passa de uma dupla ameaça.
É ameaça porque o presidente não ignora que JAB está num plano intelectual e político muito superior ao seu. É ameaça porque quem do “aparelho” votou Júlio Barroso odeia JAB. É ameaça porque estender-lhe a mão, um dedo que fosse, seria perder “votos amigos”.
E é por isso que o artigo dele serve, essencialmente, para três coisas. Duas mais uma.
Primeiro, para mostrar serviço. O serviço que cabe ao PS fazer, pondo claramente em cheque a prestação de Paulo Morgado, A. Marreiros, J. Henrique e tantas outras “figuras gradas” do “comité” socialista. Sem eles sequer perceberem, JAB passa-lhes, portanto, mais um valente atestado de incompetência.
Depois, para dar o maior eco possível a algumas posições da Oposição com o nítido propósito de enervar e enfraquecer Júlio Barroso. Não é por acaso que a JAB interessa tanto enfatizar a situação profissional de Júlio Barroso e a sua promíscua acumulação de cargos. Câmara e notariado (não se esqueceu da Misericórdia, pois não?). Na hierarquização que faz dos tais “cinco combates”, é logo esse o primeiro...
Por fim, o grande objectivo. Abrir, definitivamente, espaço político à esquerda do PSD para si próprio. Fora do PS, obviamente.
Quem o conhece pressente isso.
JAB acredita que lhe é possível retornar ao palco autárquico. Acredita num Executivo em 3-3-1, em que ele pode vir a ser um dos sete eleitos para a Câmara. JAB acredita que pode ser ele o fiel da balança do próximo elenco camarário.
É isso que ele gostava. Vir a ser o fiel da balança. Nada mais. Ocupar o lugar deixado vago por João Cascada não lhe chega.
Seria (será, é) à volta de temas como a “promíscua acumulação de cargos e funções do presidente”, a “ideia de cidade”, a “linha de planeamento”, o “investimento antes do folclore” ou o “pilar político acima do ‘diktat’ técnico” (os cinco combates…), que JAB quer renascer para a política autárquica.
Para ser o fiel da balança. Mas, sobretudo, para se vingar do “seu” PS.

3 Comentários:

Às 12:24 da tarde , Blogger Nuno Marques disse...

Este blogue é feito por gente séria para gente séria. Por gente que respeita para ser respeitado. Por gente que assume o que faz para gente que assume o que faz. Por isso é que se chama "insuspeito" e não "cobarde" ou "incógnito".

 
Às 12:34 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

 
Às 3:27 da tarde , Blogger Nuno Marques disse...

Quando tiver coragem de se identificar, e de provar a sua identificação, pode escrever aqui tudo o que quiser. Entretanto, dar a voz a "arnaldos" não é a vocação deste blogue.

 

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