Insuspeito

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06 maio 2006

Os "lapsus linguae"

(...) passado que foi aquele sindroma de uma falta de legitimidade política por ter sempre atrás de si o fantasma do seu antecessor, pareciam, agora, estar criadas as condições para demonstrar outra forma de estar, sentido de abrangência e até já ter adquirido o dom da compreensão e conquistado esse à vontade que lhe continua a faltar para apresentar a sua acção como autarca. Mas a entrevista do Presidente, com uma legitimidade que fora reforçada e ampliada por uma maior votação, vem-nos dizer que ainda não se conseguiu libertar desses fantasmas fabricados por um imaginário defensivo e, por isso mesmo, obcecado em catalogar e em identificar quaisquer críticas ou simples análises que sejam, como emanadas das entranhas da oposição ou como fazendo parte de quaisquer forças ocultas apostadas numa qualquer conspiração.
(...)
Custa, pois, a compreender essa atitude fria, distante e, sobretudo, muito defensiva que encara qualquer entrevista como um assalto à verdade instalada ou àquela que se pretende transmitir. Atitude diferente seria a de encarar cada entrevista como mais uma oportunidade para esclarecer e para abordar problemas que o seguidismo instalado jamais ousará aflorar.
(...)
Seríamos injustos se não disséssemos que esta entrevista não está cheia de informação. Mas há temáticas que seriam de explorar e dar a conhecer, em maior detalhe, a todos os munícipes. Mas a impossibilidade de uma entrevista presencial cortou essa possibilidade e, nalguns casos, apenas se enunciam princípios gerais que se podem aplicar a qualquer situação e que, para a questão levantada, pouco ou nada esclarece. É ainda de realçar que, independentemente de quem está no poder, as oposições têm toda a legitimidade para criticar e para levantar os mais diferentes problemas. O mesmo se diga em relação aos órgãos de comunicação, com as suas análises e críticas, ou mesmo a grupos de cidadãos formal ou informalmente constituídos. Por isso, são difíceis de compreender juízos de valor relativos a quaisquer morais sociais ou técnico profissionais. Um lapso, qualquer um pode ter. Mas quem detém o poder e está sob os holofotes da ribalta, não pode cair em situações para as quais, politicamente, é difícil encontrar explicação. Exceptuando este “lapsus linguae” a entrevista, apesar do formalismo que a atravessa, acaba por se apresentar como um documento informativo de inegável valor desta primeira fase do segundo mandato de Júlio Barroso à frente da Câmara de Lagos.
Guedes de Oliveira, António, in introdução à entrevista de Júlio Barroso ao jornal "Correio de Lagos", edição de Maio/2006.

1 Comentários:

Às 3:22 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

De facto este Presidente age como se estivesse isolado. Tem a plena consciência disso e daí a sua atitude agressiva. O "enterrar a cabeça na areia" é um acto de desespero face aquilo que o espera. Infelizmente para o concelho o governo socialista vai novamente acabar mal.

 

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