Insuspeito

Ambiente e Urbanismo. E-mail: nunomarques2009@gmail.com. Também no FACEBOOK, em www.facebook.com\nunomarques2009.

26 dezembro 2006

Jogo perigoso

Ao acrescentar duas "notas pessoais" ao seu editorial no Boletim da Câmara Municipal de Lagos deste mês, o presidente Júlio Barroso passou das marcas.
O facto de, no post scriptum do Boletim Municipal, Júlio Barroso chegar ao ponto de insinuar que pessoas sérias e honradas são aquelas que, por estes dias, lhe têm manifestado a sua solidariedade e repulsa pelo que têm visto e ouvido, não fica bem ao presidente de Câmara de todos os lacobrigenses nem ao provedor da Misericórdia.
Não fica bem a ninguém.
Então e aquelas que não o fizeram, por algum motivo (pessoal, político ou por indiferença), serão, por isso, menos sérias e honradas?
Nenhum motivo de ordem pessoal justifica a utilização do Boletim Municipal para o contra-ataque aos fantasmas cabalísticos que devem estar a perturbar o espírito do presidente. Nenhum!
Mesmo que isso afecte a imagem e a confiança que muitos, certamente, nele depositaram, não o devia ter feito.
Ao fazê-lo, o presidente da Câmara esquece-se que está obrigado por lei, e por ética pessoal e política, à necessária separação de cargos - o de presidente e o de provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lagos.
Pelos vistos, não bastou ao presidente, por sua iniciativa, ter puxado para uma das últimas reuniões do Executivo Municipal o documento que a Mesa Administrativa da Misericórdia difundiu para a comunicação social a propósito da investigação ao financiamento do Lar Raínha D. Leonor e da sua constituição como arguido no processo judicial, alegadamente, em curso.
Não. Júlio Barroso foi mais longe.
Não só não percebeu que esse é um assunto que só a ele, à Misericórdia e ao Ministério Público importa. Que é um assunto de Justiça e não um assunto da Câmara ou do seu presidente.
Também perdeu - o que é grave - a noção das distâncias a que está obrigado a cumprir entre os cargos que ocupa o que o leva para o campo do jogo perigoso e da promiscuidade.
No essencial, Júlio Barroso agiu como se de um dono da Câmara e da Misericórdia se tratasse. Não como alguém que, circunstancialmente, desempenha os cargos de presidente e de provedor.
E quando assim é... não dá para encolher os ombros. Que é dizer, para o árbitro fingir que não viu.

12 dezembro 2006

Antes fosse um equívoco

Que o Prémio Hieronymos Bosch (Hieronymos Bosch Innovation Award 2006) seja um importante prémio internacional de arquitectura para projectos inovadores levados a cabo na salvaguarda do património local e da sua herança cultural, não discuto.
Que Lagos o receba como reconhecimento de uma estratégia global de actuação para a cidade, é motivo de orgulho para todos.
Que essa estratégia global seja a estratégia do actual Executivo, não é verdade. Afirmo-o sem complexos ou dúvidas.
Que a Direcção de Projecto Municipal do Centro Histórico e Património da Câmara Municipal de Lagos tenha organizado uma candidatura ao Prémio, baseada nos princípios de intervenção municipal no Centro Histórico, é óptimo.
É sinal que os Serviços funcionam, ao contrário do que muitas das vezes se diz só por dizer.
Que os projectos do Parque da Cidade e de requalificação do Parque das Freiras sejam dignos desse reconhecimento, é justo dizer e gratificante saber.
Agora, que o designado projecto de requalificação da Frente Ribeirinha - o tal que prevê destruir um jardim-jardim para dar lugar a um jardim-de-água(!?) - também seja reconhecido como um bom exemplo de concretização dessa estratégia, dá que pensar. E muito.
É que, segundo informação oficial, os objectivos do galardão Hieronymus Bosch passam por promover a amizade entre os habitantes de cidades muralhadas, dar a conhecer a sua herança cultural, histórica e artística, promover o turismo, desenvolver estratégias comuns para a sua promoção e apoiar a sua conservação e salvaguarda. (Sublinhado meu).
E conservação e salvaguarda do Centro Histórico são atributos que o tal projecto que a autarquia teima em levar por diante não tem.
Muito menos, promover a amizade entre os habitantes de cidades muralhadas, dar a conhecer a sua herança cultural, histórica e artística.
O que dá que pensar acerca do Prémio.
A inclusão do projecto da Frente Ribeirinha não terá sido um equívoco?
Oxalá fosse.

02 dezembro 2006

O IV Fórum Novas Vontades em imagens