O triunfo dos ‘shoppings’ e a lição de Vila Real de St.º António
Em Olhão é o “Ria Park” que desafia o “Fórum Algarve”. Na Guia vai ser o novo “Gran Plaza” a concorrer com o “Algarve Shopping”. Em Portimão é o mega “Portimão Shopping” contra o “Modelo”.
Também Lagos terá, em breve, o seu “Lagos Shopping” ou “Fórum Lagos” ou coisa parecida.
Ouve-se falar que os novos centros comerciais “modernizam as cidades e o comércio, criam mais empregos, oferecem contrapartidas importantes.” Ah, e que, “com maior concorrência, os produtos baixam de preço” (importam-se de mo provar, por favor?)
Ouve-se dizer também que “não há razões para alarme entre os comerciantes locais.”
A realidade é que cada shopping elimina quatro empregos no comércio local por cada emprego (de baixa remuneração) que cria. A verdade é que centenas de pequenas empresas vão fechar, muitas delas de base familiar. Mas, “não há razões para alarme”...
Os shoppings viram as cidades do avesso. Onde hoje é o centro amanhã será um deserto. Onde hoje é a periferia amanhã haverá um shopping igual ao doutras cidades moribundas. Mas, “não há razões para alarme”...
Portanto, o futuro das principais cidades algarvias não é difícil de prever. Por este caminho, aumentarão as ‘cidades-fantasma’. E crescerá o desemprego e as desigualdades sociais.
Entretanto, no meio desta guerra de shoppings, encontra-se Vila Real de St.º António (VRSA), que tem uma política municipal que dispensa mais médias superfícies e shoppings e que criou uma Associação de Desenvolvimento da Baixa (ADB) para valorizar e dinamizar o comércio local.
A ADB organiza feiras para escoamento de stocks, promove o Memorial Gastronómico, em conjunto com restaurantes da Baixa, para valorizar as referências gastronómicas locais, faz animação de rua aos sábados com grupos artísticos de VRSA, realiza o Mercado Mensal em plena praça Marquês de Pombal no primeiro domingo de cada mês. E, com tudo isso, atrái milhares de pessoas à cidade.
A Associação incentiva a reocupação de prédios devolutos por novos estabelecimentos e ajuda os proprietários que os queiram reabilitar. Promove acções de formação para profissionais do comércio e restauração, colabora com a PSP em matéria de Segurança, divulga VRSA em Espanha, etc, etc.
A ADB também promove a cidade por via das artes – realizou um “I Encontro de Pintura” com quarenta pintores espanhóis e portugueses, um “I Concurso Fotográfico do Centro da Cidade” que reuniu trinta e seis trabalhos e doze fotógrafos...
Resultado: em menos de dois anos, a ADB já apoiou cerca de três dezenas de projectos de investimento e, no centro de Vila Real de St.º António, já abriram quinze novos estabelecimentos.
Isto quer dizer que VRSA acertou no caminho que escolheu para defender e valorizar a sua cidade.
Pena é que o Algarve todo não lhe siga o exemplo.
Árvore de Natal Gigante, Praça Marquês de Pombal, Vila Real de St.º António (Dez/2008). Fotos: 'Barlavento Online'.